Serve a mamãe, por favor
Seis vinhos, cada um de um estilo, pra harmonizar o seu almoço de Dia das Mães
Se você não vai cozinhar pra sua mãe, harmonizar comida e bebida pode ser um lindo presente. Meu conselho é: pegue o telefone, descubra qual vai ser o almoço de domingo e tente fazer um casamento daqueles, escrito nas estrelas. Se você está cozinhando, mais fácil ainda, não precisa mandar mensagem pra ninguém. A Fiona Beckett é uma das minhas armas secretas para consultas sobre harmonização. Mas vou ajudar um pouco deixando aqui embaixo seis dicas de vinhos com perfis bem diferentes para casar com comidas diversas. Lembrando que pratos leves vão bem com bebidas idem, assim como as comidas mais pesadas com os vinhos mais encorpados e alcoólicos. Se der, neste calor, diria pra ir de leveza.
Espumante — Tem gente que gosta de espumante pra abrir os trabalhos, mas a verdade é que, em muitos casos, dá pra ficar nas borbulhas do começo ao fim. Adorei o Amitié Brut Rosé, que é vendido a menos de R$ 70, você pode achar em supermercados, e segura a onda do brinde e da mesa.
Branco — Faz tempo que não falo desse vinho, mas quanto prazer o Sol Tardana já me deu nessa vida. Ele é untuoso, tem corpo bom para acompanhar muitos pratos, tem acidez e mineralidade — uma nota salina deliciosa. Vai bem com massas com manteiga ou molho branco, com peixes e frutos do mar (tem uma dica de comida pra ele logo abaixo).
Rosé — Conheci o rosado de Syrah Les Chemins de Bassac L’Incandescente Rose graças à harmonização de Gabriela Monteleone no menu do restaurante Manu, de Curitiba. E que deslumbre é esse vinho, que vem do Languedoc e tem nota floral discreta e de fruta vermelha bem fresca (morango). Na boca é delicado e elegante. Natural, não é filtrado. Vai bem com pratos leves, peixes e legumes e saladas. Opção linda pra vegetarianos.
Laranja — O No Es Pituko laranja ilustra bem aquela outra edição da newsletter que fala sobre os vinhos que o jovem quer beber hoje. E ele entra na seleção porque, se sua mãe tem o paladar mais aventureiro, é amante da comida e gosta de experimentar, ele vai brilhar. É feito com Sauvignon Blanc mas o contato mais longo com as cascas na fermentação dá corpo capaz de segurar pratos mais substanciosos. Com uma moqueca cheia de dendê, por exemplo, vai dar vontade de chorar.
Tinto leve — O Garbo Cherry Bomb é um vinho tinto pra tomar mais fresquinho, no calor, que pode acompanhar um churrasco, um arroz de pato, uma galinhada. Tem uma acidez bem viva, lembra cereja, recomendo mais resfriado. É um vinho divertido, pra não esquentar a cabeça e só ser feliz.
Tinto — Acho que essa lista merece um vinho mais clássico e o Douro, região que faz vinhos concentrados e puros, totalmente entrega isso. O Esteva, da Casa Ferreirinha, é um tinto feito para se beber jovem e traz muita fruta negra madura e flor. É um ótimo custo-benefício feito por uma vinícola supertradicional e com uma história incrível: sua fundadora é também uma das responsáveis pela região ser célebre até hoje e se salvou de um naufrágio porque as anáguas de sua saia flutuaram no rio que dá nome à DOC.
Cozinha do mar
Para quem não sabe ainda como resolver o almoço de Dia das Mães, a Mar Direto pode quebrar o seu galho com o kit que serve quatro pessoas e inclui filés de robalo, tentáculos de polvo, lula em anéis, mexilhões e um caldo de peixe preparado na cozinha solidária O Amor Alimenta. Os pedidos têm que ser feitos até hoje (9) e as entregas serão no sábado (11). Infos aqui.
Compre um vinho produzido no Rio Grande do Sul
Nesta semana, na Folha, escrevi sobre o assunto mais importante de todos, a tragédia que assola o Rio Grande do Sul. Por sugestão de uma produtora gaúcha, que pediu que se compre produtos locais, fiz uma lista dos vinhos produzidos no Estado, com valores a partir de R$ 60. Vale ir lá dar uma olhada. O texto está aqui. Colo aqui um trecho:
Produtores da Serra Gaúcha e região ouvidos pela coluna falam em tantas perdas, luto e destruição que é difícil neste momento "pensar em estrago nos vinhedos" ou mensurar a dimensão financeira, como diz Daniel Geisse, da vinícola Cave Geisse, de Pinto Bandeira. Ele dá o tom do que se enfrenta por ali ao afirmar que a prioridade é ter combustível para os helicópteros que efetuam o resgate. Luís Henrique Zanini, da Era dos Ventos, conta que este é o terceiro episódio em oito meses e claramente o pior de todos. "As mudanças climáticas vêm se acentuando de forma exponencial", afirma.
Ações para ajudar o RS
- Produtores gaúchos se uniram com a loja online especializada em rótulos brasileiros Vinhos e Vinhos. Doações a entidades escolhidas por eles valem desconto na compra dos vinhos. Informações aqui.
- Nesta quinta (9), os chefs Luana Sabino e Eduardo Ortiz servem menu especial com colaboração das jornalistas Tina Bini, Giulianna Iodice, Luciana Tezoto, e do restaurateur Guilherme Mora para arrecadar doações e fundos para as vítimas do RS. Infos aqui.
- A importadora De la Croix vai doar 20% do valor arrecadado em vendas pelo site até 14/05. O Luiz Horta fez uma seleção de três vinhos.
Só mais um golinho
Hoje, sem piada, com essa sugestão de doação.