Uns golinhos neste janeiro seco
Quebro aqui o jejum desta newsletters com coisas ótimas que foram publicadas por aí
Anunciei na última newsletter de 2023 uma pausa durante todo este mês, mas aqui dou uma escorregada porque li coisas por aí que são boas demais para não compartilhar.
A começar pelo vinho, nosso assunto primordial, Eric Asimov fez uma coluna perfeitah no New York Times para todos aqueles que amam a bebida e que ficam inseguros com seus conhecimentos. Como reconhecer um bom vinho é o mote do texto e ele dá pílulas de sabedoria e conforto:
1. Um vinho bom é um vinho gostoso, acima de tudo. Um vinho caro e chic pode ser meio triste num dia normal, que pede um vinho normal, mas gostoso. Um dia importante pede um vinho especial (pode ser caro e chic). Aquele seu vinho delícia e baratex não vai dar conta e vai transformar a ocasião numa coisa meio nhé.
2. Dito tudo isso, ele pede desculpas e afirma que acha que faz mais sentido harmonizar com ocasião do que com comida. Nossa, eu concordo muito que é importantíssimo harmonizar com ocasião. Mas não fecho os olhos pra comida não…
3. É mais importante conhecer o produtor do que a safra.
4. O aquecimento global está aí, já influencia nas nossas taças, então é importante saber dos métodos do produtor.
5. Isso vale também para a visão de mundo dele e como trata seus funcionários. Problemas de trabalhadores em situação análoga à escravidão e até tráfico humano acontecem daqui do Brasil até Champagne.
6. Um vinho bom não necessariamente tem que vir dos terroirs famosos apenas. Assim como também não é feito só com as uvas mais conhecidas e famosas.
7. Tem muita discussão sobre álcool fazer mal a saúde, inclusive quantidades pequenas se tomadas com frequência. Mas ele fala sobre o outro lado: como um vinho interessante tem capacidade de melhorar um momento, aproximar pessoas, fazer refletir, ensinar (se a gente quer aprender, claro), e logo dar alguma dose de remédio pra saúde mental. Claro, é uma discussão profunda e complicada, mas ele é ousado e ainda faz uma comparação com andar de bicicleta em uma via agitada: cada um tem que decidir por si os riscos que vai correr.
Hmmm....
Fiquei pensando sobre tudo isso. E queria que você pensasse também. Minha caixa de comentários está aberta.
Mais Asimov (e vinho) pra ouvir
Gostei tanto desse texto do Asimov, que me deu vontade de ouvir o que tinha dele em podcast. Ouvi dois episódios do I’ll Drink to That com ele. O primeiro é um deleite e ele conta sobre como virou crítido de vinho. No segundo, ele fala sobre o livro que lançava então, “How to Love Wine: A memoir and manifesto”. Recomendo os dois.
Uma garrafa pro seu verão
Comprei esse espumante para levar à praia e foi uma ótima surpresa. Achei fino e delicado, seco e tostado, com borbulinhas tão pequenininhas e incessantes. Era um Luiz Argenta Jovem Brut. Paguei R$ 80 no supermercado Cometa, em Fortaleza. Mas achei no site da vinícola por R$ 99.
E o janeiro seco?
Puxa vida, tanta coisa sobre isso por aí, né? Eu não consegui. Na verdade, nem tentei. Não tava nos meus planos, embora eu esteja meio num clima janeiro úmido. Aqui tem uma lista de bons motivos pra aderir à tendência da secura, embora pra gente, no hemisfério sul, seja difícil com o clima de férias e praia.
E como beber melhor nesse calor?
Além do meu já festejado baldinho, o Alê D’Agostino sugere aqui dicas pra quem gosta de coquetelaria. Entre elas, usar mais água com gás no lugar de água tônica. E usar cítricos. E gelo. E fugir do açúcar.
E, para quem não quer beber álcool, a dica é mocktail à base de chá — podendo sempre repetir essa tríade água com gás + fruta + gelo.
Culinária típica
Meu colega Daniel Buarque publicou na Folha uma entrevista com a premiada escritora russo-americana Anya von Bremzen em que ela fala que a culinária típica é uma fantasia criada com a ajuda do marketing. Ganhadora de três prêmios James Beard, ela põe em xeque até a legitimidade da feijoada. Fiquei um pouco ofendida, porém bastante interessada.
Uma receita estranha
A Ruth Reichl deu o que pode ser a salvação para aquelas frutas cítricas mais tristes, que quando você descasca parecem pedra: grelhar. Essa receita estranha é pras mexeriquinhas pequenas, mas eu testaria com outros cítricos também.
Julio Iglesas, gente como a gente?
Fiquei chocada ao ver que o cantor quase foi preso ao levar nas malas 42 quilos de alimentos, das Bahamas a Punta Cana. Não pela quantidade, mas porque talvez sejamos gêmeos! E talvez você também: quem não gosta de levar uma lembrancinha comestível de um lugar maravilhoso? Agora o mais intrigante é que ele tava levando alface e mirtilo, entre outras coisas. A Patrícia Ferraz comentou na rádio Eldorado e contou que a alfândega é sempre um momento de tensão para os chefs que vão cozinhar fora do país.
Um último golinho
Fiquei com Sideways-feelings depois de ver essa imagem do Paul Giamatti no In-N-Out Burguer fazendo uma boquinha com roupa de gala. Teria ele uma singela garrafinha de Château Cheval Blanc 1961 escondida ali embaixo da mesa?
Saúde! E em fevereiro é noix.
Alcool é um horror para a saude, a enganaçao de que era bom para o coraçao esqueceu do cerebro, sistema digestivo, boca, lingua, dentes, etc etc. A geraçao millenial percebeu e o assunto mais interessante, na minha opiniao,sao os mocktails e a adesāo enorme das grandes empresas ao zero alcool. Quem imaginaria um gin Tanqueray 0:0? Um Gordon's no alcohol? Sipsmith alcohol free? Alcool mata, alcoolismo é uma desgraça social e um problemaço. Uma pena, pq gostamos de vinho. Mas é nocivo e nos ultimos anos perdi vários colegas do vinho por canceres de esofago a rins.
Volta com o podcast :(