Saudações à turma do funil
Calma que não é dica de vinho pra bloquinho, mas uma lista de rótulos festivos para entrar no clima do feriado (nem que seja a dois, em casa)
Sempre achei meio errado fazer lista de vinho pensando no Carnaval. Nunca vi ninguém com taça na mão em bloquinho. Mas isso porque gosto de uma folia e tenho que me lembrar que Carnaval não se resume à festa de rua. Tem gente que não chega nem perto de confete e serpentina, mas que fica com o espírito festivo seja na praia, na piscina, em casa com os amigos ou apenas curtindo a preguiça. Então é com essas pessoas na cabeça que eu sugiro os vinhos abaixo, perfeitos pra um momento de uma alegria mais, digamos, introspectiva.
Escolhi esses rótulos com uma característica em mente: são todos vinhos festivos. E com isso digo que são frescos (acidez alta), são leves, não são supercomplexos, nem muito cabeça. São fáceis de gostar e por isso nos deixam alegres. (Tanta coisa pra uma palavrinha só, né? Mas aí mora a beleza do vocabulário do vinho, quase como se fosse uma língua que se decodifica à medida que a litragem aumenta.)
Aos vinhos:
Pouca Roupa Branco, João Portugal Ramos — Um corte de Verdelho, Sauvignon Blanc e Viosinho, tem 12% de álcool, é fresquinho e feito para ser bebido a temperaturas mais baixas. É o abre alas da lista pelo nome sugestivo e bastante carnavalesco. Tem corpo bem leve e vai bem sozinho ou com petiscos inocentes e saladinhas.
Vallontano Brut — É um espumante delicioso, corretíssimo, feito pelo Luis Henrique Zanini (cujo projeto pessoal é o Era dos Ventos), que não brinca em serviço. Por R$ 20 a mais você compra a versão que ele faz para a Paula Toller.
Vamos de Parranda Blanco — Esse aqui é aquele vinho para tomar bem sem compromisso, é mezzo modernete, mezzo rústico, um corte das uvas Criollas argentinas (grande e chica) e de Cereza. Pra fugir do classicão, tem um pouco mais de corpo, e um pouco menos de acidez. Vai bem geladinho, solito e também com petiscos, agora menos inocentes.
Garzón Estate Pinot Rosé de Corte — Este talvez seja o item mais chic dessa coleção, tem aquele rosa casca-de-cebola, acidez altinha, notas de morango, feito perto da costa uruguaia. Bom para fazer o phyno nessa temporada, ir pro terraço e ver o pôr-do-sol vestido de linho. Harmoniza com tudo isso aí e com frutos do mar. Vai bem só também.
Pueblo Pampeiro Cabernet Sauvignon La Linha 2021 — A maior surpresa da lista, é um Cabernet Sauvignon delicioso e muito fresco e leve, um suquinho total com nota de eucalipto. Feito na Campanha Gaúcha, ele engana que é um tinto de uva com potencial para explosão de tanino e volume e, de tão equilibrado, esconde seus 13,2% de álcool.
Taylor’s Chip Dry — Agora, se você estiver se sentindo ryko, cola nesta dica aqui, que é mais cara, mas rende mais porque você pode diluir com água tônica. Este belo Porto branco seco é tudo o que você precisa para fazer um maravilhoso Porto Tônica, com muito gelo, cítrico e erva. Para fazer uma bela baladinha em casa.
Bonus bubble track
Não é vinho, mas é digna de nota: a Sidra Selvagem de Pêssego da Cia dos Fermentados é uma delícia, como muitos dos outros borbulhantes deles. Tem doçura no ponto certo, as bolinhas são fininhas, é refrescante e festiva. Vale demais!
Este gelo vai dar um up na sua vida
Quantas bebidas você conhece que pedem gelo e uma rodela de cítrico? Que tal unir os dois? Essa ideia é muito boa, como assim a gente não teve anes? E certeza de que vai tornar mais elegante o seu Carnaval caseiro.
Burle Marx e sua beberagem fantástica
Assisti talvez 270 vezes nesta semana ao vídeo de Burle Marx recomendando uma receita de beberagem feita com suco de pitanga e vinho tinto. O nome é maravilhoso: pitangolangomangotango. Ele recomenda tomar “aos tragos”, de maneira que “traga para dentro” de si. Se é bom, acho difícil. Já esse suco de pitanga com um espumante geladinho, eu bem arriscaria, seria uma deliciosa mimosa tropical.
ON FIRE com Francis Mallmann
A Cia de Mesa já colocou em pré-venda o novo livro do chef argentino. Em “Fogo Verde”, ele ensina técnicas e receitas para churrasco de vegetais. Considerando que a churrasqueira, na minha família, sempre foi uma seara masculina (e eu assim a deixei porque, sabemos, as mulheres já fazem demais), tomei pra mim, com entusiasmo, a função de desbravar a grelha para os legumes. Modéstia à parte, mandei bem, mas acho que esse é o empurrãozinho de que preciso para mandar bem demais.
Que comam caviar
E essa história de que o caviar é o novo tomate seco? Ele já havia aparecido como uma das tendências mais quentes dos EUA na reportagem dos menus do NYT recomendada na semana passada. Agora, está no Grub Street.
Hipsters, seus bigodes e seus lattes
Faz tempo que a hipsterlândia adotou bigodes como símbolo incontornável. E, sabemos, hipsters amam um bom cafezinho. Mas como as duas coisas podem ser compatíveis? O chef Dan Barber mostrou no seu perfil do Instagram uma inovação tecnológica baseada em técnica ancestral que deve resolver esse b.o.
Só mais um golinho
Leia um bom conselho, que eu te dou de graça: