Hora de encher a adega?
No Dia do Consumidor, promoções pipocam na internet e em lojas físicas. Saiba de que garrafas fugir e que rótulos são achados valiosos
Ninguém é tão feliz ao comprar online quanto eu. Mas já fiz absurdos dos quais só não me arrependi amargamente porque há uma coisa chamada justamente “Lei do Arrependimento”, que permite que se devolva uma compra em até sete dias com o reembolso total do dinheiro. Nunca fiz isso ao comprar vinho, me parece um pouco estranho devolver uma garrafa. E, por isso mesmo, acho que é preciso ser ainda mais cuidadoso.
Nesta sexta-feira (15), comemora-se o Dia do Consumidor, ótima desculpa para gastar um pouco em vinho, renovar a adega, comprar o que se tem vontade de beber, já que há descontos mil em muitas importadoras. E, como amante desta bebida mágica, sei que nada aquece mais o coração de um enófilo do que ver aquele desejado rótulo pela metade do preço. Mas, com pouca cautela, o sonho realizado pode se mostrar algo digno do coma de Tony Soprano. É nessas promoções que algumas lojas e importadoras querem justamente desovar o que não tá tão legal assim.
Já escrevi na Gama que comprar vinho na promoção é como um bom jogo de xadrez — o único perigo é levar um xeque-mate financeiro, porque nem sempre você vai receber o que acha que está comprando. Não custa ter alguns cuidados, como estes, que reproduzo daquele texto:
Descarte os brancos com mais de três anos de idade (a não ser que você esteja gastando algumas centenas de reais com um Riesling Grand Cru, por exemplo, ou um Alvarinho de alta gama) e os tintos com mais de quatro (mais uma vez, a não ser que seja um vinho de guarda). Quanto mais barato, mais jovem deve ser o vinho.
Se alguma região desconhecida chamou atenção e você quer explorá-la, sugiro uma busca no nome do produtor e nas castas mais bem sucedidas do local. Muitos sommeliers sugerem a ousadia para experimentar novas variedades de uva, novas regiões. Eu talvez seja um pouco conservadora: com medo da frustração e com pena do meu bolso, nessas promoções acabo levando vinhos feitos com castas que são típicas de suas regiões. No Chile, por exemplo, prefiro o Pinot Noir de Casablanca ao de Maule; na Argentina, dou preferência ao Pinot da Patagônia, não de Mendoza.
Como toda regra tem sua exceção, acredito que os naturais permitem mais aventura. Geralmente são produtores impetuosos e que experimentam diferentes estilos com castas pouco conhecidas. Mas ainda vale o Google no nome do produtor.
Como infelizmente é praxe, para muitos, subir o preço para dar desconto falso, vale jogar o nome do vinho com safra no buscador e comparar o valor cobrado em diferentes canais.
Se você vai a uma loja física e tem a oportunidade de ver a garrafa antes de pagar por ela, sugiro ficar de olho se a rolha não está estufada, se o vinho branco não está muito escuro, se a garrafa, não importa o estilo, não estava exposta ao lado de lâmpadas ou da janela. Isso tudo pode indicar ou levar o vinho a ter problemas.
Agora, algumas coisas boas que vi por aí na internet:
Na Mistral, fiquei de olho no Boya Chardonnay 2019 e no Luis Pato Espumante Baga Rosado;
Na Wines4U, babei nessas duas opções de Force Celeste, rosé e pét-nat;
Da De la Croix, eu queria esse Chinon Les Galuches, 2021 e um monte de coisas mais caras, como esse Gewurztraminer Les Éléments, 2017 ou o Clef de Sol Rouge, 2019, Cab Franc do Loire;
Na World Wine, o Bisquertt La Joya Gran Reserva Chardonnay parece um achado. Mas se eu tivesse uma graninha a mais, não tenho dúvidas de que levaria essa maravilha que é o Marqués de Murrieta Reserva, porque Deus sabe como eu amo Rioja;
Na Grand Cru, compraria o No es Pituko Pet Nat Miao 2022 por esse nome muy loco se tivesse com um dindin a mais na carteira. Um tiro mais certeiro é o Churchills Estates Douro Tinto 2018, que está por 50% do preço original;
E, até domingo, a Vivente, conhecida por seus pét-nats, tá dando 15% de descontos em seus rótulos.
Era do gelo I
Fui a um restaurante supermoderninho e lindo neste fim de semana. Preferi beber vinhos em taça. Fiquei tão feliz ao encontrar um espumante nacional interessante por R$ 25 e o Jerez Mazanilla La Guita por R$ 28. Mas eles chegaram à mesa já na taça (pecado mortal) e totalmente fora da temperatura, o Jerez quase fervendo. O que me fez pensar no óbvio: que uma boa experiência com vinhos num restaurante não se limita a beber bem e por bom preço. O bom serviço é fundamental. Num estabelecimento novo ou desconhecido, melhor redobrar a atenção.
Era do gelo II
Parece que eu sou obcecada por gelo. Talvez eu seja mesmo e não resisti a esse dica de novo formato, perfeito pra quem gosta de um Dirty Martini. A ideia é colocar azeitonas em cada quadradinho da forma com a água da conserva.
Vermute é demais
Eu rezo pra que a moda pegue e, semana que vem, tem o tal Dia do Vermute, no 21. Pra quem ama, e pra quem não conhece, a dica é ir ao bar Huevos de Oro, em São Paulo, das sommelières Daniela Bravin e Cassia Campos, que vão servir copos de diferentes partes do mundo a partir de R$ 28, com tapas elaboradas pela chef Ligia K (espere pão com tomate, gildas e jamón pata negra). A partir de 18h.
Mulheres na cerveja
A Academia da Cerveja, da Ambev, oferece 3 mil vagas do seu curso introdutório sobre o universo da cerveja e as áreas de atuação profissional grátis e online para mulheres. Informações aqui.
Camarões para o calor
Fiquei enlouquecida com essa receita de aguachile de camarão, um clássico mexicano que parece facílimo. Harmonizaria com uma michelada ou com um espumante nature.
Chocolate, ovo e manteiga
Olha essa outra receita com apenas três ingredientes. Parece uma loucura de boa, quero fazer já. Do Food52, que não costuma dar bola fora. Vai bem com um Porto Ruby geladinho.
Vamos à Tailândia
Já escrevi aqui sobre o Ping Yang, restaurante que amei demais. Neste sábado (16), ele comemora um ano de vida e troca a mobília pelas banquetas com caixotes e serve apenas quatro pratos , todos belíssimos.
Só mais um golinho
Feliz Dia do Consumidor com shittywinememes!