Pratos (e taças) que rodam sobre a minha cabeça
Comida de rua, feira de vinhos, rótulos brasileiros, um sorvete hipercremoso, domburi de enguia e um Garnacha delicioso e no preço que não decepciona jamais
Antes de mais nada, uma notícia feliz: nesta semana, assumi um novo espaço na Folha de S.Paulo para escrever sobre vinho. Estou animada com a nova empreitada, mas sinto que é mais um pratinho rodando em cima da minha cabeça. O problema é que eu amo todos esses pratinhos, inclusive esta querida newsletter, e não quero abrir mão de nenhum deles. Talvez os textos por aqui fiquem um pouco mais enxutos, mas o espírito segue o mesmo, com dicas de leitura (desta nova coluna, inclusive), de podcasts, de vinhos e de agenda para quem ama comida e bebida — além de uma ou outra maluquice que brotar na minha cabeça.
Começou a beber agora? Que inveja de você
Na primeira coluna da Folha, publicada nesta segunda (22), falo sobre o que o bebedor estreante encontra hoje diante de si em comparação ao que eu encontrei há pouco mais de 20 anos, quando tomei minhas primeiras taças. É uma apresentação de como vejo o mundo do vinho hoje. Vai aqui um trecho:
A palavra da vez é "frescor". Todo e qualquer produtor que se preze fala que faz (ou quer fazer) vinhos frescos. Essa preocupação está não só na enologia —alquimia que começa com a fermentação das uvas e que era antes a etapa mais reconhecida da produção de um vinho—, mas também no campo, na viticultura. Aliás, esta é outra palavra que entrou no léxico marqueteiro do vinho. Isto porque hoje, já que queremos menos adição química, diz-se que "um bom vinho se faz no vinhedo", que é preciso "ter respeito à terra", "intervir menos".
As aspas não são totalmente cínicas, afinal é difícil discordar desse discurso, por mais que ele tenha também o objetivo de falar o que o consumidor quer ouvir. Se o vinho antes tinha dificuldade de atingir um público jovem, ele tem descoberto maneiras de seduzir quem está preocupado com meio ambiente e atento ao comércio justo (justamente o jovem).
Para ler o texto na íntegra, clique aqui. Convido você, assinante da newsletter, também a me acompanhar por lá semanalmente. Estarei no site do jornal às terças-feiras e, quinzenalmente, no papel, na editoria Comida.
Garrafa da semana
O Sarah Selections Latido de Sara já é meu velho conhecido, nem sei quantas garrafas dele eu abri. Mas outro dia eu o reencontrei na casa de uma amiga e foi sucesso total. É um tinto que engana um pouco, parece leve, mas tem corpo médio e 13,5% de álcool, o que é típico da minha amada Garnacha, da qual ele é feito. Na boca tem textura aveludada e desce fácil que é uma beleza. É desencanado, então vai bem com comidas igualmente desencanadas: orna com pizza, segura um churrasco, combina com uma mesa variada pro seu sextou. Um vinho de prazer para abrir quando você quer se divertir.
Uma uva quente e encantadora
Gosto demais de Garnacha mesmo. Acho que ela pode ter textura quando vem de um terroir como o Priorat, mas pode também ser lisinha e aveludada, principalmente nos vinhos de entrada de muitos produtores espanhois, que estão dando um show com essa uva. Pra ficar de olho. No inverno, volto a falar mais dela, porque é capaz de esquentar pés e corar bochechas como ninguém.
Prepare a taça para o catálogo da Premium
A importadora de origem mineira que tem ótimos neozelandeses no portfólio traz 14 produtores de diferentes países para uma degustação aberta ao público, com ingressos a R$ 150 à venda no Sympla. Entre as palavras-chave estão Chablis, Piemonte, Friuli, Etna, Pfalz, Catalunha etc. Em 2/5, de 18h às 21h, no Janela (Pinheiros, SP).
Prove esse brasileiros diferentes
A vinícola Garbo Enologia Criativa é responsável por alguns dos vinhos brasileiros mais diferentes que provei nos últimos tempos. Uma boa oportunidade para provar esses rótulos está no dia 3/5, na Toque de Vinho (SP), quando os enólogos e fundadores Jhonatan e Andrei guiam degustação de cinco garrafas: Espumante Evoluto Sur Lie, Akis Riesling (com estágio em madeira brasileira), Cherry Bomb Pinot Clarete (suquinho de cereja delícia), Inquieto Merlot Sauvignon Blanc e Los Hermanos Tannat Malbec. Queijos acompanham. Informações aqui.
Vinho e pizza em SP
Tem muita coisa rolando na cidade, tá dando até palpitação. Começando por esta noite de quinta (25), às 20h, a Iza Padaria Artesanal se une à Uva Vinhos e faz uma noite de foccaccia, pizza e sobremesa com quatro rótulos. Entre eles o Mullineux Family Wines Kloof Street Chenin Blanc 2022 e o Saurwein Chi Riesling 2022. Mais info aqui.
O Donburi do Naruto
Na minha casa, o Tonkotsu Barikote Ramen Maru é conhecido como o “lámen do Naruto”. É o preferido dos meus filhos, que se calam por quase meia hora quando recebem suas tigelas cheias do caldo rico e salgado. O duro é não conseguir chegar cedo e ficar na espera na calçada. Você faz o pedido na máquina e medita pacientemente, sonhando com o momento em que vai ser chamado e enfim sentar ali dentro. Acabem de reabrir depois de uma reforma e talvez isso tenha melhorado. Não vejo a hora de ir e descobrir, e talvez seja já, pois até o 28/4 o donburi da semana é um unagidon, de enguia.
Charco, Pacato e Bolívia na rua
Neste domingo (28), o Charco faz a segunda edição do seu Charco na Rua. O chef Tuca Mezzomo convida Marsia Taha, do restaurante Gustu, na Bolívia, o chef Rubens Catarina, e Caio Soter, do Pacato, de BH, para uma festa com comidinhas na calçada. Na Peixoto Gomide 1492, das 12h às 17h. O menu você pode ver aqui.
Já tomou o sorvete da Lida?
A Lida chegou causando frisson. Só faz pão com o trigo moído ali mesmo, em moinho de madeira e pedra vindo da Áustria. A padeira é a talentosa Hanny Guimarães, que fez os pães do Futuro Refeitório, tem passagem por restaurante de Dan Barber e agora é dupla de uma das maiores acumuladoras de bom gosto que eu conheço, a Carolina Arantes, que conheci como assessora de imprensa. Acontece que o que ninguém sabia, nem ela mesma, é que a Carolina é também uma grande sorveteira. Na Lida, além desses pães integralíssimos e sublimes, há sorvetes absurdamente cremosos, fantasticamente inventivos e superlativamente deliciosos. É preciso tratá-los como aquele mimo que nos damos quando estamos tristes, sabe o “eu mereço”? Não é pra todo dia, coisa especial para sempre que der. Há sabores como chocolate brasileiro 70%, mostarda de cremona e o tão comentado pão na chapa. Provei o de folha de figo, que é um deslumbre, e o de folha de limão makrut, que segundo meu filho é “o melhor sorvete do mundo”. E olha que ele é crítico!
Só mais um golinho
Melhor namastê que namastreta. Do insta do Shivão.
Belle, acompanho e adoro seu texto que flui como degustar um vinho com boa companhia, mas sinto falta de alguma
Espécie de glossário, por ex. Qdo falou sobre o vinho, para mim desconhecido, fico com vontade de sacar essa rolha, mas não tenho referência de onde comprá-lo ! Tb dos endereços dos lugares que comentou! Acho que estou mto folgado e pedir isso tb? Deveria ser mais interessante focar no conteúdo, mas se puder atender minha solicitação adoraria! Ótimo dia!