Ode às delícias
Dicas para quando uma síndrome de abstinência vira uma larica total (+ vinho e uma agenda intensa em SP)
Fiquei doente e tive que dar uma desacelerada. Para me cuidar, segurei um pouco o vinho. E aí, já que não ia beber, também resolvi maneirar na comida, me pareceu boa ideia dar uma descansada e uma desinchada ao mesmo tempo. Acontece que tudo isso me deu uma baita crise de abstinência e uma sensação de larica daquelas, difícil de aplacar. Resolvi então fazer desta edição uma espécie de ode a algumas delícias de que ainda não tinha falado para tentar saciar meu apetite e ajudar quem quer uma diquinha. Vem comigo, bom apetite!
Comida pura, com gosto de cada ingrediente
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Um casal de amigos me convidou para um almoço e fez a receita da Lena Mattar de spaghetti ao vôngole. Eles tinham feito a massa no dia anterior, tinham comprado os mariscos e seguiram à risca a receita minimalista e correta. Que maravilha perceber que tudo ali tem gosto individual e em conjunto. Minha amiga ficou em dúvida se acrescentava cebola ou se seguia a receita certinho, com alho apenas. Ficou provado que o alho era o melhor, pq ele fica picante, ardido. Não levava sal, mas não precisa pq tem na água do macarrão e no vôngole. Tudo em perfeita harmonia. Recomendo essa receita da
Vou te convidar pra festa do carboidrato
Acabou de abrir em São Paulo, em Pinheiros, uma padaria chamada Martoca. Ganhei uma sacolinha de lá que foi como uma punhalada no meu peito, porque a ideia era justamente cortar carbs. O plano foi pelos ares com uma fougasse de queijos, que me fez esquecer de tudo e virou almoço. Meio crocante, meio fofinha, meio salgada, meio umami, super untuosa, ela é um escândalo. Apaixonante também é o sourdough de mandioca, que é lindo, capa de revista, e os vários bolinhos que eles oferecem, como o muffin de mirtilo, brownie de castanha de caju — lembra até um pé-de-moleque cearense, feito com carimã, foi o preferido das crianças — e o bolinho de especiarias e doce de leite.
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Ah, e falando em carbs, não posso deixar de fazer uma menção honrosa para a focaccia da Na Janela, que eleva o momento entradinhas do seu almoço a algo very, very special.
Comida de shopping, vale?
Nunca achei que valesse, tenho um pouco pavor pra ser sincera, mas tive duas ótimas experiências recentes. A primeira foi no Su, que fica no Shopping Higienópolis mas me fez sentir um pouco em Los Angeles. Ele é meio rosa e retrô futurista, muito charmoso. E é inventivo no extenso menu, que inclui quentes e frios, clássicos e autorais. Provei um pouco de cada e achei tudo muito fresco, com destaque para as imensas vieiras e as duplas de blue fin, com a gordura no ponto certo. Se você gosta de unagui, pode confiar, vai ser feliz. E também vale provar o tartare de carapau. Para uma refeição mais econômica, há a saída do famoso katsusando, por R$ 42. Mas dá também pra atirar dinheiro com metralhadora e pedir o omakase (degustação) por R$ 390. Ah, destaque para a coquetelaria, provei um drink que me faz salivar até agora, o Yuzu Sour, com uísque, licor de yuzu, noz moscada e suco de yuzu, lindão e superfresco.
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A segunda experiência foi no Cortés Asador do Shopping Eldorado. Também me senti nos EUA, mas talvez num das steak houses de Chicago, sentada em uma mesa redonda de canto com toda a família, mas com a opção de sentar num bar se eu estivesse por ali por volta das 18h e resolvesse tomar um bloody mary de tomate assado na churrasqueira (minha nova fantasia). Embora o lance sejam as carnes, eu acho que é um grande lugar para se jogar nas entradas: o milho assado é de outro planeta e a provoleta faz chorar. Claro, eles tem dry aged, wagyus mils e tals, mas focar nos legumes na brasa, tenho descoberto, é sempre boa ideia. A carta de vinhos tem opções a partir de R$ 100, coisa raríssima hoje em dia.
Mas, apesar dessa boa notícia, é preciso dizer que são lugares caros, não é pra qualquer dia, mas valem a visita. E, às vezes, você precisa comer no shopping, não tem jeito.
Hora de beber?
Nesta semana, na Folha, escrevi sobre vinhos portugueses e um pouco do que vi no evento Vinhos de Portugal, realizado no Ibirapuera. Só um pouco mesmo porque, imagine, eram 90 produtores. Aqui conto sobre como estão hoje:
Há tempos, os portugueses do vinho entenderam que essa identidade local é a sua riqueza. Sempre exploraram bem suas uvas, mas agora há um movimento de aprofundar ainda mais as raízes para achar outras castas que ficaram perdidas no tempo. As ondas do paladar vêm e vão e, se antes algumas variedades foram deixadas para trás porque tinham muita acidez e pouco álcool, é justamente por isso que são interessantes hoje.
Todo fã de vinho é mala?
A figura do enochato é examinada neste texto da Wine Enthusiast. Eu, particularmente, já me achei bem chata ao contar coisas sobre vinho para amigos (sabe aquela sensação horrível de sair do corpo e se ouvir de fora?). O texto fala uma coisa engraçada: James Bond seria menos cool se tomasse Borgonha branco no lugar de Martinis.
Black is NOT the new orange
Ou essa é a minha aposta, pelo menos. Saiu na ótima revista do NYT um texto que diz que vinhos bem escuros, feitos com castas tintureiras como a Alicante Bouschet e com algumas híbridas também, são o último grito da moda. Achei esquisito, me parece ir contra tudo o que o povo quer, vinhos leves e frescos de cores claras e vibrantes. Aproveitei que estava na feira Vinhos de Portugal e perguntei a geral se eles sabiam disso, se acreditavam que o vinho preto é a nova onda. O pessoal até gostaria da ideia, já que Portugal produz muitas dessas variedades, mas ninguém ouviu falar.
Uma vida grega normal
Estou obcecada com a ideia de fazer uma festa grega e passar a tarde tomando Assyrtiko. E a culpa é desta reportagem do NYT sobre como são essas matinées ao ar livre, cheias de comida leve e bebidas refrescantes. Se você ainda não ouviu, também recomendo esse episódio do podcast Que Vinho foi Esse? sobre os vinhos gregos.
Agendão
Está uma coisa louca viver em São Paulo, não é possível dar conta de tanto acontecendo ao mesmo tempo. Nesta semana, estamos com o Festival de Tapas a pleno vapor, com participantes do calibre de Metzi, Teus, Miya, Lardo, Mocotó, NIT… Vai até 30/6, dá tempo de circular bem.
Semana que vem, temos os eventos pré-Naturebas, como a feirinha da Toque de Vinho que recebe produtores interessantes como Bodegas Gratias, da Espanha, e Lucas Niven, da Argentina, além dos brasileiros Bruno e Thama, da Les Chemins de Bassac (França). Na quinta-feira, dia 27, a partir das 17h. É grátis e só chegar.
Já no dia 1/7, Gabi Monteleone promove a feira Segunda Taça no futuro refeitório. É uma ótima chance para provar, conversar e comprar direto de 20 produtores de todo o mundo. Infos e ingressos aqui.
Só mais um golinho
Hoje encerramos com novo perfil, the_angry_somm
Eeeh que alegria! De tempos em tempos, volto nessa receita ♡